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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2008

A carta que nunca enviei

Leio e releio vezes sem conta a mesma carta, aquela cujo papél já ganhou um tom amarelado fruto do tempo que passa sem sequer se importar. A tinta já perdeu aquela cor brilhante de prata, aquela cor especial que procurei por todo o lado e que era a única cor que eu queria usar. Já sei de cor as palavras que aquela carta diz, aquela carta onde sem medo abri o coração e disse tudo o que há muito te queria dizer. Aquela carta que, acreditava, me faria feliz, aquela que escrevi sem medo nem obrigação, aquela onde disse tudo o que havia para dizer. Já não sei quantas vezes a li e depois reli, e de cada vez que a leio apetece-me chorar tal foi a dose de emoção que nela coloquei. Lê-la é quase como estar juntinho de ti, faz-me sentir a paixão que te ousei revelar numa carta de amor que nunca te enviei...

Hoje fiz-lhe as malas...

Hoje fiz-lhe as malas e sem pensar pus tudo o que lhe pertencia lá dentro, esvaziei as gavetas e os armários, rasguei as cartas e queimei os diários, hoje decidi que estava na hora de acabar, hoje decidi ser o meu próprio centro e sem pensar sequer nos comentários desfiz o rosário dos nossos fadários. Hoje abri-lhe a porta de par em par e pedi-lhe que saisse sem dizer nada, disse-lhe que estava na hora de partir e que hoje sem falta tinha mesmo de ir, hoje disse-lhe que me cansára de esperar, que me cansara de me sentir abandonada, hoje disse-lhe que estava na hora de sair e arranjar outro lugar para onde seguir. Hoje fiz-lhe as malas e abri-lhe a porta, hoje reabri para o mundo o meu coração, hoje numa decisão que já não tem volta expulsei de vez da minha vida a solidão!!