Heis-me aqui hoje sentado sob esta
sombra verdejante,
Recordando o meu passado, sou de novo
menino errante,
Volto a ser aquele petiz, descalço a
caminho da escola,
Carregando, tão feliz, os meus livros na
sacola,
percorria longo caminho para aprender
um dia a ler,
para perceber o mundo que me tentavam
esconder,
brincava feliz, contente, sem riqueza
e sem temor
pois no meu peito brilhava a chama de
um doce amor.
Vejo-me de novo ali, sentado naqueles
banquinhos
Hoje tão desgastados, tão tristes e
tão velhinhos,
E volto a ser a criança que sonhava um
dia ser
Letrado, sem importância, desde que
soubesse ler,
Volto a ver a bata branca nas costas
de uma cadeira
Esperando enxugar com o calor da
fogueira,
Volta a ver a professora que altiva me
chamava
Apenas para me punir os erros à reguada…
Olho e vejo tanta gente, que nem
consigo conhecer,
Gente que nos mesmos bancos, também
aprendeu a ler,
Aprenderam coisas novas, de que nunca
ouvi falar,
Cresceram de forma diferente,
aprenderam a sonhar,
Tiveram oportunidades que eu nunca
imaginei,
Andaram os mesmos passos, que um dia
eu andei,
São jovens de outro tempo, flores de
outra juventude,
Têm sonhos, tem esperança, têm alma e
atitude.
Heis-me aqui hoje sentado, sob esta
sombra verdejante
E assim acompanhado já não sou menino
errante,
Sou apenas mais um menino com os
livros na sacola
Cantando doces saudades à nossa
velhinha escola!
Comentários
Enviar um comentário