A chuva furiosa e violenta deixou de cair, no chão apenas vestígios da sua passagem, vou andando sem saber bem para onde ir, vou andando nas asas frias desta leve aragem. O nevoeiro, serenamente, vai-se instalando, as luzes tornam-se ténues, quase imperceptíveis, poucas são as pessoas que se vão aventurando a percorrer estas ruas de pensamentos invisíveis. A noite estendeu o seu manto negro e gelado, no caminho apenas vislumbres de uma direcção, caminho sem saber se vou para algum lado, caminho sem rumo, sem sombra de orientação. O vento que passa varrendo as folhas do chão sacode-me os cabelos e beija-me o rosto, caminho alheia ao frio, ao tempo, à sensação de que os elementos manifestam o seu desgosto. Deixo-me envolver por esta noite fria e alada, esvazio a cabeça e liberto os pensamentos, e por momentos é o vazio... e nada, mais nada, nem medos, nem tristezas, nem desalentos...
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