Avançar para o conteúdo principal

Hipocrisia Sazonal

Depois de meditar sobre o assunto...cheguei à conclusão de que existem pessoas que sofrem de uma espécie de doença ainda não diagnosticada: hipocrisia sazonal.

Sendo que a hipocrisia é o acto de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui e sazonal é uma característica de um evento que ocorre sempre numa determinada época do ano, parece-me lógica a junção de ambos para explicar certas atitudes em certas alturas do ano.


Já sei... estão a pensar: não estou a perceber nada! Pois então eu passo a explicar.

Durante o ano há quem passe o tempo a criticar esta porque usa as saias muito curtas, aquela porque usa um decote descomunal, a outra porque usa aquelas roupas meio transparentes...passam o ano a criticar, a falar das opções de cada um, dos gostos de cada um. Algumas pessoas não usam decotes porque acham que isso é indecoroso, outras não usam roupas curtas porque há coisas que não são para mostrar a toda a gente, outras não usam calções porque não gostam de andar de pernas ai léu... e por aí fora... mas depois essas mesmas pessoas pavoneiam-se nas praias com uns biquínis minúsculos, aparecem por aí com micro saias, frequentam ginásios e eventos públicos com roupas coleantes, calções que parecem cintos e decotes até ao umbigo... hummm curioso...

O que será que faz as pessoas terem dois pesos e várias medidas? Criticarem o ano inteiro e depois no Verão 
tornam-se a personificação de tudo aquilo que andaram o resto do tempo a criticar? 
Tornarem-se de repente naquilo que tanto estigmatizaram, naquilo que tanto criticaram, naquilo que tanto julgaram?

A melhor forma de o interpretar é acreditar que sofrem de hipocrisia sazonal!

Da mesma forma que existem pessoas que passam o tempo a criticar outras, passam por elas sem lhes falar como se tivessem alguma espécie de peste, olham-nas de soslaio, não lhes ligam nenhum e de repente quando essas pessoas fazem alguma coisa que chama a atenção, que tem mérito, que tem impacto, que é comentado, estão na fila da frente a dar abraços e beijinhos e a dizer " Eu sempre soube que tu eras capaz".

Mais uma vez: hipocrisia sazonal!

E que dizer daquelas pessoas para quem somos invisíveis a maior parte do tempo, que nunca se dão ao trabalho de aparecer, que não se dão ao trabalho de telefonar, que parecem nunca se importar com a nossa existência, mas que de repente quando nos encontram e até vêem que estamos bem dizem um rasgado: "Gostei tanto de te ver! Aparece!"

Sério? Caso típico de hipocrisia sazonal.

E quem não se lembra de mil outras situações, de mil outras vezes em que as atitudes das pessoas contradizem aquilo que passam a vida a apregoar, a criticar, a maldizer, a criticar? E quem não se lembra de pelo menos uma vez ter sido vitima de hipocrisia sazonal?

Cá por mim parece-me tão lógico e tão óbvio...que talvez seja ridículo verbalizar esta teoria...mas enfim, corro o risco...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

É dificil

  É difícil não nos deixarmos afectar pelo que nos rodeia, sobretudo quando irradia energia negativa por todo o lado. É difícil não deixar que a energia negativa nos envolva e perturbe. É dificil aprender a lidar com a agressividade gratuita, com a necessidade de espezinhar para mostrar poder, com a inata vontade de espalhar a frustração agredindo quem está em redor. É dificil manter a sanidade no meio de uma insanidade descontrolada e despropositada... O que fazer? Sofrer com isso ad eternum ou mandar à merda mentalmente e seguir em frente!

Chão

Tojos, arbustos, carqueijas, giestas, mato, rosmaninho, arruda e ervas benfazejas,  aves que fazem ninho, rochas ingremes e salientes,  águas frias e correntes, aldeias aninhadas no sopé, montes a perder de vista,  ermidas erguidas na fé, terra que o coração conquista, serenidade que embala e acalma, verde manto que o olhar prende, paraíso que nos acalenta a alma, chão que nos embala e entende!

Quando tudo terminar

Quando tudo terminar o que fica para além de ti, e que é de facto importante, é quem foste, o que fizeste, as memórias que criaste, as recordações que construíste, a marca que impregnaste em quem ficou, as gargalhadas que provocaste, os momentos que partilhaste. A riqueza desgasta-se, os títulos perdem-se, os dotes desvanecem-se, as propriedades decaiem e muitas vezes caiem por terra... Mas as acções que fizeste, as causas que defendeste, as vidas que tocaste, as recordações que construíste, as memórias que deixaste são indeléveis e perduram para além do tempo. Não te preocupes em ser uma boa pessoa, preocupa-te em ser uma pessoa boa porque no fim é isso que vai ficar na memória e no coração daqueles cuja vida cruzaste por este ou aquele motivo. O que fica na verdade é a vida que se viveu...não o que poderia ter sido, o que poderia ter tido, o que poderia ter feito!  O que fica são as palavras que nos tocaram o coração, os sorrisos que nos aqueceram a alma, os gesto...