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Love Story...or not...

Sempre se considerou um homem normal, um homem capaz de apreciar a beleza de uma mulher e sobretudo um homem capaz de seduzir uma mulher. Sempre se considerou um homem interessante, charmoso, inteligente… um gentleman…e porque não dizê-lo, um sedutor. Sempre tivera mulheres a suspirar por si e nunca tivera dificuldades em conquistá-las…mas nunca nenhuma fora capaz de lhe arrombar o coração…

Mas com ela tudo tinha sido diferente… ela desafiava os conceitos pré estabelecidos, não tinha uma beleza daquelas de tirar a respiração nem era sexy de cair para o lado mas a forma desinteressada como olhou para ele quando se conheceram fez-lhe sentir borboletas no estômago e nesse instante soube que aquela mulher lhe havia de trazer muitos problemas… e isso fazia-o sentir-se ainda mais atraído por ela.

Ela não tinha uma beleza estonteante, não usava decotes até ao umbigo, nem tão pouco saias que deixassem vislumbrar as pernas que se adivinhavam torneadas por baixo das calças de ganga, não tinha o cabelo com cores, nem com madeixas, nem com frisados mas os caracóis rebeldes que lhe emolduravam o rosto conferiam-lhe um ar doce…noutros tempos nem teria olhado duas vezes…mas havia nela alguma coisa que o fascinava…talvez fosse o jeito contido de sorrir ou a forma como mexia no cabelo ou talvez o jeito como mordia o lábio de forma nervosa…

Havia naquela mulher uma estranha complexidade que ele ansiava descobrir, um certo mistério…e a forma como ela delicadamente o dispensara quando ele com todo o seu charme a abordou e convidou para sair deixaram-no ainda mais empolgado. Mas estranhamente o desejo que sentia em conhece-la não era por despeito, nem para provar que era capaz, nem sequer para o poder descartar após o primeiro encontro…desta vez ele estava genuinamente interessado em conhecer a pessoa para além da imagem.

Não desistiu nem à primeira, nem à segunda e muito menos à décima recusa dela em sair com ele…manteve-se firme, afinal estava decidido a quebrar aquela barreira que parecia erguer-se em seu redor. E um dia, cansada de tanta insistência ela lá concordou com um café…e nesse instante temeu…não estava habituado a lidar com mulheres assim, a ser visto apenas como mais um...mas não ia ceder.

No dia marcado, há hora combinada ela chegou…no seu jeito simples, de calças de ganga, sapato raso, camisola azul-escura e um lenço às flores ao pescoço…o cabelo rebelde emoldurava-lhe o rosto fazendo-a parecer uma rapariguinha simples e indefesa mas quando esboçou um sorriso, lhe estendeu a mão e disse: olá muito prazer…derreteu-o por dentro.

Seguiram lado a lado pelas ruas da cidade até a um sítio, que pareceu bem a ambos, era movimentado, no centro da cidade e nenhum dos dois corria riscos…sentaram-se, ela cruzou as pernas e esboçou um sorriso…conversaram longamente e ao fim de algum tempo o ambiente tornou-se descontraído como se fossem dois velhos amigos a conversar. A cada palavra dela ele ficava mais fascinado com ela…reparou na forma como ela enrolava o cabelo nos dedos, como ela mordia o lábio, como brincava com as franjas do lenço…estaria nervosa? Não conseguia ler para além do que via… ela era uma muralha sem janelas…

O tempo passou…encontraram-me mais algumas vezes…foram-se tornando amigos…partilharam bons momentos…mas havia alguma coisa que não batia certo. Ela intimidava-o…era isso. Estava habituado a mulheres fúteis, desejosas de carinho e atenção ainda que passageira, mulheres sem interesses sérios, sem objectivos definidos, mulheres que se contentavam em ser vistas com ele…não sabia como lidar com ela…ela não precisava dele, não estava carente dele, não se entregava de corpo e alma, não se intimidava…ela era uma mulher independente e isso era estranho para ele. Estar com ela era libertador, permitia-lhe ser ele mesmo, era refrescante…desafiante… ela era um presente caro num embrulho modesto.

Naquele dia arriscou tudo…e depois de muitas tentativas falhadas beijou-a…e esperou o pior…os olhos dela faiscavam e percebeu que ou tudo daria incrivelmente certo ou estupidamente errado quando ela simplesmente lhe disse: mas que raio foi isso? Tentou explicar…mas as palavras não saíram…sentiu uma mistura de coisas…perdeu o chão…o coração acelerou… e só sossegou quando ela se aproximou, o abraçou e o beijou…e que beijo! Naqueles minutos sentiu o chão desaparecer debaixo dos pés, o coração acelerar como louco, sentiu-se um menino…e pensou: então é isto que se sente ao beijar uma mulher de verdade! E num segundo os seus pensamentos foram mais fortes e sem se aperceber verbalizou o que lhe ia na cabeça: ainda me apaixono por ti…e assim como se tivesse sido atingida por um raio ela soltou-lhe o pescoço, olhou-o com um ar incrédulo, como se o mundo lhe tivesse caído em cima…recuou dois passos, atirou-lhe um: tinhas de estragar tudo…e virou costas sem olhar para trás. E ele ficou ali…no passeio…sem saber bem o que tinha acontecido, sem perceber o que fizera de errado, sem chão…sentou-se e tentou organizar as ideias…e lentamente começou a perceber: ela achou que era uma piada…ela achou que ele estava apenas a ser quem era antes de a ter conhecido…

Não…! Desta vez não ia baixar os braços. Desta vez era o tudo ou nada…desta vez era a sério. Desta vez não ia deixar a felicidade escapar sem luta. E persistiu…durante dias tentou contactá-la… sem sucesso. Finalmente o playboy fora apanhado nas malhas do amor e isso estava a deixá-lo louco…sabia agora que a vida sem ela não fazia sentido… e sabia que tudo dependia dele. Decidiu começar de novo…aos poucos…começou por provocar encontros casuais…por frequentar os sítios onde ela ia… por convidá-la para sair… uma e outra e outra e outra vez…até ela aceitar…

No dia marcado, quando à hora combinada ele chegou, esboçou um sorriso, lhe estendeu a mão e disse: olá muito prazer… ela sentiu-se derreter por dentro.

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