(...) Sacude a poeira e sorri dizendo que estava tudo bem, ainda que a dor lhe aflija a alma e o corpo; cerra os dentes e diz que não é nada mesmo quando as lágrimas lhe afloram os olhos e lhe entorpecem os sentidos; aguenta sem vacilar porque teme que percebam que por dentro lhe doí a alma.
Nem sempre assim fora... houve uma época em que mostrara o que sentia, em que dera o melhor de si e percebeu que isso apenas lhe iria trazer desilusões, mágoas e dores físicas e psicológicas.
E naquele dia... no dia em que o sonho se desmoronou e se viu a braços com uma vida que não escolheu, com um desfecho que não antecipara, com um caminho cheio de curvas e lombas decidiu de si para si que nunca mais ia deixar que a magoassem, ou pelo menos nunca mais ia deixar que as pessoas percebessem que o estavam a fazer. Nunca mais ia deixar que a sua fraqueza fosse motivo de troça, nunca mais ia deixar que a sua humanidade fosse motivo de dor, nunca mais ia permitir que lhe tocassem impunemente.
E naquele dia decidiu que ia renascer... enrolou quem era dentro de si mesma e vestiu-se com uma nova roupagem que nunca mais tirou... e mesmo quando a magoam, ainda que sem intenção, sacode a poeira, reprime as lágrimas, agrilhoa o peito e diz: está tudo bem! (...)
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