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"Um livro pela reconstrução"

Imagem retirada da Internet



Numa hora como esta em que olhamos em volta e pouco se vê para além da destruição, da mágoa, da tristeza e da angústia de quem vê o telhado de uma vida literalmente arrancado de cima da sua cabeça a única sensação que me ocorre é incredulidade e impotência.
Sentimo-nos impotentes face a uma força que chegou sem avisar e que à sua passagem devorou literalmente tudo o que encontrou como se de um monstro faminto se tratasse.
Sentimo-nos impotentes face a um cenário de ferro retorcido, chapa amolgada como se de uma simples folha de papel amarrotada e atirada ao lixo se tratasse, telhas partidas, estruturas destruídas e vidros estilhaçados onde se reflectem os rostos cansados e ainda atónitos de quem vê parte da sua vida reduzida a estilhaços.
Sentimo-nos impotentes face às árvores arrancadas pela raiz como se fossem simples e frágeis ervas daninhas.
Sentimo-nos impotentes face à catadupa de emoções que nos passam pela cabeça e que não sabemos explicar.
Sentimo-nos impotentes e divididos entre a alegria das vidas que não se perderam e a tristeza das que nunca mais serão as mesmas.
Sentimo-nos impotentes face ao que não podemos e não sabemos explicar e sentimo-nos impotentes face à percepção de que apenas nos resta aceitar.
Sentimo-nos impotentes, pequeninos, frágeis, inseguros mas sabemos que é preciso renascer do caos como a Fénix renasceu das cinzas, sabemos que dependemos de nós próprios e da boa vontade dos que connosco partilham o mesmo espaço e fazem parte desta comunidade a que chamamos casa.
Sentimo-nos tristes, desamparados, sentimos vontade de baixar os braços mas sabemos que não podemos, sabemos que é preciso recuperar o que o vento levou e sarar as feridas que não se vêem.
Eu pessoalmente sinto-me triste, olho a terra a que chamo minha e não a reconheço, vejo a tristeza e o desalento no rosto de pessoas que toda a vida conheci, vejo a mágoa, a tristeza, a decepção e o desencantamento… mas vejo também o esforço e a vontade de virar esta página… sinto vontade de ajudar… quero ajudar… preciso ajudar… e o meu contributo será o valor das vendas dos meus livros até ao Natal (para começar).
Mas ao ter esta ideia surgiu-me uma outra: a de lançar um desafio a todos e em particular aos amigos das letras com quem me fui cruzando ao longo do tempo e com quem tenho caminhado ao longo dos anos: que cada um dos autores com livros publicados doe entre 50 a 100% do valor de um dos seus livros para apoiar a reconstrução daquilo que o tornado deitou por terra e achei que poderíamos chamar a esta iniciativa “Um livro pela reconstrução”.
Neste momento disponho apenas da informação referente aos donativos destinados aos concelhos de Ferreira do Zêzere e Tomar se alguém tiver informação referente aos outros concelhos afectados poderá partilhá-la.

Municipio de Ferreira Zezere - Tornado 07/12/2010
Banco: Santander Totta
NIB: 0018 0003 24243099020 84
IBAN: PT50 0018 0003 24243099020 84

A Cruz Vermelha Portuguesa criou uma conta para apoio às vítimas do concelho de Tomar - Caixa Geral de Depósitos com o seguinte NIB: 0035 0813 000 568 302 305 8

Sei que esta iniciativa é uma gota de água no oceano, mas sei também que juntos podemos fazer a diferença. Agradeço desde já a colaboração de todos os que se juntarem a esta causa comum: ajudar aqueles que sofreram na pele as consequências do tornado que ocorreu no dia 07/12/2010.

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