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Não desisto de ti... de mim...

Sei que me olham de soslaio quando chuto pedras na rua, quando paro a tentar fazer festas a todos os gatos que encontro, quando assobio uma melodia qualquer ou quando simplesmente sem dar conta trauteio desafinadamente uma canção...

Sei que comentam quando visto aquela roupa colorida, cheia de padrões psicadélicos ou quando o cabelo rebelde amanhece indomável e não há gel nem escova que o faça ficar perfeitamente penteado...

Sei que interiormente condenam as minhas atitudes, as aventuras em que embarco, as coisas que finalmente ganhei coragem de fazer e que ingenuamente insisto em partilhar...

Sei que gostavam que fosse diferente, que fosse socialmente mais adequada, que me comportasse de acordo com a minha idade, como se trepar árvores ou saltar poças de água tivesse uma idade certa para se fazer...

Sei que preferiam que fizesse parte dos padrões socialmente correctos, que fosse uma lady... 

Pergunto-me se estou assim tão errada? Será assim tão errado querer viver e aproveitar os momentos? Será assim tão errado querer ver a vida com cores bonitas? Será assim tão errado querer manter viva a chama da vontade de aprender, de viver, de descobrir, de conhecer? Será assim tão errado querer acreditar que a vida não tem de ser cheia de regras e protocolos?

Não sei... apenas sei que não vou desistir... não vou ignorar... não vou asfixiar... nem vou esconder... vou manter viva, vou cuidar e estimular a criança que ainda existe dentro de mim!

Podem condenar, podem comentar, podem achar cobras e lagartos...apenas tenho uma coisa a dizer: triste de quem mata a sua criança interior... triste de quem prefere "morrer" para a vida do que ousar vive-la...

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